Soneto
Ascenço Ferreira
E o frevo vem vindo
vem vindo na onda
se parafusando,
se destrembelhando,
e se esbagaçando…
- Congote cheiroso, que é que tu põe?
- Moleque atrevido, cheira tua mãe!
A coisa é gostosa,
É bôa que dói
emperra e destranca
na volta cruel
do chão de barriga
- Enseba as canelas e vai merguiando!
- Meu Deus uma vela que estou me findando!
E a marcha amolleca
nas ancas as coxas
A raça se espreme
se junta, amanhece
no pateo da séde…
- Aguenta no passo, negrada do diabo!
- Seu mestre mais uma senão eu me acabo!
Vem tudo suado
na marcha regresso
pingando de gozo
nos ôio estrepado
da negra do rancho…
- Quem é que belisca as cadeiras da negra?
- Me dá tostão de beiço, mulata!
E o frevo vai indo
vai indo na onda
se parafusando
se destrambelhando
e se esbagaçando…
- Ascenso, larga de besteira!
- Amanhã é segunda-feira!
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