QUATRO DISCURSOS (4)

TEOLOGIA, 2007

Antes do Mestrado em Direito, concluído no ano passado, fiz um bacharelado em Teologia. Foram cinco anos de estudo e reflexão muito proveitosos, que somente a graça de Deus é capaz de nos proporcionar.

Estes foram os concluintes: Antônio Cavalcante da Costa Neto, Antonio Severino de Araújo, Aldenise de Oliveira, Ângela Maria Ramos Pereira, Cícero Batista da Silva, Eliclayde Matias Rodrigues, Ernande Tavares de Alexandria, Francinaldo José da Silva Santos, Francisca Bezerra de Lima Melo, Geraldo Pereira Leite, Gustavo Meneses, José Carlos do Nascimento Santos, José Januário de Oliveira Neto, Josefa Diogo de Lima, João Valério da Silva, José Nazaré Farias de Carvalho, José Pedro da Silva, Lúcia Carneiro da Silva, Lenira da Silva Ferreira, Marinho Mendes Machado, Margarida Noélia Bezerra dos Santos, Maria do Socorro Batista da Rocha, Maria da Solidade de Lima Silva, Ose Carmem da Silva, Roberto Carlos da Silva, Rejane de Andrade Costa, Simone de Andrade dos Santos, Severina Aparecida Augusto da Silva, Severino do Ramo Lima de Oliveira e Verônica Jussara da Silva.

Depois de terminar o curso cheguei a dar aulas às novas turmas, como voluntário, nas disciplinas Direito Canônico, Ensino Social da Igreja, Moral Fundamental (Ética teológica) e TAO (Trabalho Acadêmico Orientado). Infelizmente, a Faculdade não conseguiu permanecer com suas portas abertas. Mas é importante dar graças a Deus pelas sementes lançadas.

Discurso de formatura do bacharelado em Teologia

Guarabira, 13 de dezembro de 2007.

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Fernando Pessoa.

O querer de Deus, cantado em verso pelo poeta português, não pode ser outro senão um querer repleto de amor. Deus, como alguém já disse, não sabe não amar. Por isso, é no reconhecimento do amor do Deus Trindade, que devemos começar a agradecer por este momento tão importante em nossas vidas. Pois Deus quis e permitiu que a Faculdade Católica de Campina Grande pudesse hoje, na festa de Santa Luzia, celebrar a colação de grau dos trinta primeiros bacharéis em Teologia, formados nesta cidade de Guarabira. E se todas as palavras humanas são insuficientes para agradecer a Deus por esta vitória, que o nosso balbuciar analógico e o nosso calar doxológico se elevem aos céus a expressar o nosso muito obrigado por seu amor infinito.

O sonhar humano, de que também fala o poeta, é condição essencial para não deixarmos morrer dentro nós a dimensão do transcendente. Os sonhos, como observa Rubem Alves, são mapas de navegantes que procuram novos mundos, e não nos deixam esquecer que nós humanos somos seres alados por nascimento, e só esquecemos a vocação pelas alturas quando enfeitiçados pelo conhecimento das coisas já sabidas.

Mas como diz o verso do poeta, não bastam o querer de Deus e o sonho do ser humano. É preciso fazer nascer a obra. E foi assim com a nossa Faculdade, nascida do querer de Deus e construída a partir do sonho e do trabalho de muitas pessoas às quais também devemos agradecer: a Dom Antonio Muniz, seu idealizador, que dá nome à turma pioneira; a Dom Jaime Vieira Rocha, que em unidade com Dom Antônio fez com que fizéssemos parte da Faculdade Católica de Campina Grande e não tem poupado esforços para o reconhecimento do nosso curso; ao Frei Domingos Fragoso, padrinho da turma, que não apenas proferiu nossa aula inaugural, mas, como professor de Introdução ao Método Teológico, descortinou para nós o mundo maravilhoso da ciência da fé; a Dona Detinha Diogo, colega de turma e exemplo de perseverança na fé e na formação cristã; na verdade, a senhora sempre foi para nós uma verdadeira madrinha; ao Pe. José Floren, patrono da turma, professor dedicado, que tanto nos enriqueceu no aprofundamento da Teologia dos Sacramentos; ao professor Paulo Afonso, o mestre amigo, que conosco compartilhou o estudo de várias disciplinas, oferecendo-nos um novo olhar sobre a Sagrada Escritura; a Lucicleide, Secretária do Curso e a Ir. Ivanir, sempre diligentes em seus afazeres, que fizeram um trabalho inestimável para a organização de nossa Faculdade; a Ir. Socorro, com seu conhecimento profundo e com o testemunho de vida, que tanto nos encantou na caminhada pela Teologia da Espiritualidade Cristã; a estas três mulheres, nossa homenagem de gratidão. A propósito, é preciso lembrar o nome de outra mulher muito importante para a nossa Faculdade. Trata-se da Ir. Jade, que seria coordenadora do nosso curso, e que já havia feito um intenso trabalho de planejamento para que a Faculdade pudesse se tornar realidade, e que faleceu pouco antes do início de nossas aulas. A ela, nossa mais profunda homenagem. Enfim, a todos os professores que, com suas lições, contribuíram decisivamente para o triunfo que hoje celebramos, o nosso muito obrigado.

Mas essa vitória não seria possível sem a colaboração dos nossos pais, filhos, esposas, maridos, namorados, enfim, todos os familiares que tivemos de privar do convívio, para freqüentar as aulas todas as noites durante o nosso curso. Esta vitória é tanto nossa quanto de vocês.

É preciso ainda lembrar a importância de cada um dos colegas bacharelandos para o êxito do nosso curso. A todos e a cada um de vocês, o abraço afetuoso e a saudade que já nos invade, de irmãos que conviveram juntos nesses quatro ou cinco anos de convivência, e que recebem a homenagem da turma na pessoa da colega Lúcia Carneiro.

E por falar em saudade, ontem definida pelo professor Carlos Alberto Tavares, como sendo a “lembrança de uma convivência feliz que nos leva a apreciação profunda da beleza e do sentido da vida”, gostaria de concluir com a lembrança de nossa primeira aula, a lectio brevis, proferida no dia 07 de março de 2003 pelo Frei Domingos Fragoso, Doutor pela Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma, sobre o tema: o saber.

Na oportunidade, Frei Domingos disse que nós alunos, prestes a iniciar o curso e sem saber muito bem o que nos esperava, poderíamos buscar na Teologia não só um maior conhecimento de Deus, mas do sentido da vida e da existência do cosmos. E que tudo isso deveria ser estudado não de maneira isolada, pois não deveríamos cultivar um saber fragmentário nem reducionista, até porque, desde a criação, foi instaurada uma íntima relação amorosa entre o Criador e as criaturas. Daí que não se poderia compreender a essência de nós mesmos e do mundo, sem a necessária referência ao Autor de todas as realidades criadas. E hoje, passados cinco anos de estudo, podemos ver com mais clareza a verdade contida naquela primeira lição. Pois no curso que ora concluímos ficou claro que a Teologia é um saber vivo e dinâmico, que não deve ser estudado por simples diletantismo intelectual. Em vez disso, deve ser uma reflexão e uma vivência voltadas para a busca do sentido da vida e para o serviço aos irmãos. Não é ficar olhando para o firmamento esperando respostas ditadas do além, mas descer do monte da transfiguração para se inserir na concretude do mundo, denunciando tudo o que impede a realização do Projeto de Deus em nosso meio.

Por tudo isso, o curso de Teologia representa uma promissora semente plantada nesta Diocese, fruto do querer de Deus e do sonho de muitos homens e mulheres. É mister, porém, que esta Igreja particular não permita que esta semente germinada venha a perecer. E essa é uma tarefa de todos nós; nós que formamos a comunidade eclesial, cuja dignidade dos membros é a mesma em virtude da regeneração em Cristo, como lembra a Lumem Gentium. E rogando a intercessão de Nossa Senhora da Luz, neste dia de Santa Luzia, a quem Dante Aleghieri, na Divina Comédia, atribui a função de graça iluminadora, suplicamos ao Deus Trindade, que o seu querer de amor, que suscitou sonhos e fez nascer esta Faculdade, nos ajude a continuar formando novas turmas de bacharéis em Teologia, para bem servir aos nossos irmãos, na caminhada para a construção do Reino de Deus.

Muito obrigado.

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