SQ3R


SQ3R é a fórmula de Francis P. Robinson, que reúne as iniciais, em Inglês, das cinco etapas do estudo eficaz, consagrado no manual Como estudar, de Morgan e Deese: Survey (pesquisa, exame), Question (pergunta), Read (leitura), Repeat (repetição) e Review (revisão).

SURVEY. O exame ou pesquisa, no caso de livros, implica a leitura das orelhas, do prefácio, do índice, uma leitura “por alto” do início de alguns capítulos, como condição prévia para selecionar o material de estudo. É nessa fase que se traça o mapa do nosso estudo, sem o qual teremos muitas dificuldades, o que sói acontecer com os mais apressados, que mergulham imediatamente na leitura de algum livro, sem o exame prévio, e não obtêm bons resultados com o estudo. Hoje em dia, com a enxurrada de informações obtidas com as ferramentas de busca pela internet, esse exame prévio também se relaciona com o cuidado na seleção dessas informações, o que pressupõe discernimento, senso crítico.

QUESTION. Quando estudamos, queremos sempre responder a questões importantes que formulamos. Por isso, formular boas questões é fundamental, desde os estudos de menor fôlego até quando nos deparamos com a árdua tarefa de problematizar nossas monografias. Como lembra o manual de Morgan e Deese, “uma pessoa que tem uma pergunta a fazer é alguém que tem um objetivo em mira”, e a colocação adequada da pergunta certamente facilitará o bom êxito no alcance dos objetivos. Sempre lembro a meus alunos a importância do ato de perguntar, expressão da curiosidade, que move a busca de novos conhecimentos, e que não raro é sufocada desde a infância, quando mandamos crianças calar a boca, quando nos fazem perguntas que não sabemos responder. Isso às vezes se repete na Academia.

READ. Nas escolas, de todos os níveis, deveríamos incentivar o ato de ler. Ainda lemos muito pouco; passamos a maior parte do tempo falando e falando (nós, os professores) e escutando ou fingindo ouvir (eles, os alunos). Para quem estuda, ler é tão essencial quanto respirar o é para o vivente. Todavia, o ato de ler não se resume à simples decodificação de sinais gráficos de um idioma e nem mesmo à compreensão do texto escrito. Lêem-se palavras, lêem-se livros, lê-se a vida, lê-se o mundo. Mas até mesmo no âmbito menos abrangente da leitura bibliográfica, não é raro pensarmos que sabemos ler quando, de fato, não o sabemos.

REPEAT. A repetição é talvez o método mais antigo de se aprender. Na época que não havia livros, a repetição ou recitação era o cerne da aprendizagem. Recitavam-se tabuadas, fórmulas, poemas. E hoje, mesmo quando não se recitam mais poemas, a repetição continua sendo método eficaz. O manual de Morgan e Deese observa que repetir torna a leitura ativa. Ao ler um texto, você pode crer que o entendeu, e que lembra o que leu. Mas quando tenta repetir para si mesmo o que diz o texto, sua ignorância revela-se de imediato. Repetir, porém, não é necessariamente reproduzir literalmente o texto, mas também parafraseá-lo, recontá-lo, reconstruí-lo.

REVIEW. A revisão é primordial para corrigirmos nossas falhas, para nos certificamos de que não omitimos nada a respeito do que estudamos, refrescando a memória e contribuindo para a integração das leituras realizadas, haja vista que aquilo que se aprende verdadeiramente é incorporado ao próprio sujeito do ato de estudar.

É claro que qualquer método é apenas um caminho, não o caminho, tampouco uma camisa-de-força. No caso da leitura, por exemplo, quantas vezes nós torturamos alguns textos, e também nossos alunos, com nossas camisas-de-força para análise de livros, que deveriam ser lidos por puro prazer. Aliás, segundo o manual de Morgan e Deese, quanto mais alguém ler por prazer, melhor leitor esse alguém será. Mas mesmo nesse caso, quando não há nenhuma obrigação acadêmica a cumprir a partir do que se lê, e o único compromisso do leitor é consigo mesmo, ainda assim é importante que se leia bem, pois como afirma Harold Bloom, “ler bem é um dos grandes prazeres da solidão.”

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